Comecei a lembrar o passado. Como se fosse permitido ao presente resgatar tudo o que passou, enumerando fatos, refazendo atos, resgatando frases e momentos. Senti assim uma sensação boa de saudade, confundida por um aperto no peito e misturada a um sentimento de culpa.
Nosso tempo sempre foi diferente, muito longo e sempre breve. O encontro e a despedida sempre tão próximos que me violentavam bruscamente, retirando de mim aquilo que eu queria.
Sempre esperava pelo encontro perfeito. Aquele marcado pelo abraço de saudade, com o entorno ignorado, com as palavras dispensadas e com a cabeça enterrada em seu pescoço, momento anterior ao encontro dos nossos lábios, seguido talvez do clichê “estava com saudade” e vivenciado de reciprocidade “eu também”. Nunca aconteceu, imaginação minha, alimentada por essas histórias malditas e esses filmes idiotas.
Queria meu corpo silenciado pelo corpo teu. Desejei que ao menos uma vez o vento soprasse ao meu favor, ignorando a estranheza do desejo. Desisti, como quem desisti apenas de muito tentar.
Você é apenas uma coisa imaginada, um personagem por mim idealizado, mas que eu esperei que se tornasse real. Como Pinóquio eu te desejei, ignorando o fato de que um boneco de madeira jamais será um garoto de verdade, menti para a única pessoa que sabia de toda a verdade, para mim.
Abraços,
Sofia Aimée