Mês: outubro 2010

Lembranças:

não escolhi, mas permiti…

 

 

Tudo bem, já entendi: não devemos nos arrepender de nada que vivemos, no fundo, tudo é aprendizado. Aprendizado? Estou cansada desse negócio de que para ganhar é preciso sofrer e ‘mimimi’ (você falava ‘mimimi’, será que ainda fala?).

Chorar toda noite, seja em frente a uma tela de notebook, seja atrás de um livro ou assistindo a um filme. Sofrer ao passar em frente a sua casa, ao lembrar do seu doce preferido,  ao ver aquele livro (que comprei ainda quando ele nem estava a venda na cidade – a alguém que não merecia tal desempenho. Nem sei se o recebeu, mas acredito que sim. Dessa forma, um ‘muito obrigado’ seria educado, sabia?), como quando ‘corri’ o país atrás daquele CD, (aquele que já estava esgotado na produtora, que você tanto queria, e que, prevendo o futuro, escrevi um pequeno bilhete, dedicatória, em um post it, para que se um dia terminássemos você não ficasse tentado a jogar fora e pudesse tê-lo para sempre – ele quase foi roubado, lembra? Você queria deixar no carro, mas levei-o na bolsa, seu carro foi roubado (intuição feminina eu diria), recorda-se disso? Será que o CD ainda está aí? O post it já foi para o lixo? Ou ele está guardadinho na gaveta das emoções?).

Falando na gaveta das emoções, será que você tem uma? Pode ser uma gaveta, caixa, saco, qualquer coisa. Aquele lugar em que reunimos nossas memórias (para que fazemos isso eu ainda não descobri, deve ser algum ato sado masoquista. Quando queremos sofrer vamos até tal lugar e relembramos como fomos felizes, como era bacana, como tudo ‘foi e não é mais’. Apesar que é um local em que pode trazer alegrias, mas utlimamente… mesmo assim, após cada organização e limpeza, ela permanece, intacta e em expansão. […] Talvez o melhor seja jogar tudo fora – lixo mesmo, nada de reciclagem). Acredito que isso seja algo que exija muita sensibilidade, ou seja, de mais para uma pessoa tão fria como você, aliás nem tenho palavras para te definir tamanha a falta de consideração e cuidado que você demonstrou para com os meus sentimentos. Nem sei o que sinto ao lembrar de cada situação, seria um mix de raiva, arrependimento, felicidade (sim, pois sei que tudo que fiz foi no mínimo especial, ainda que efêmero e ilusório, e, não foi, o problema é dessa pessoa ai, você, que é um babaca e abandonou tudo – nunca devia ter esperado reciprocidade, mas a gente se permite e depois não há mais nada a ser feito). É, são lembranças que não gostaria de ter. Particularmente, você poderia nunca ter entrado na minha vida (já sabia como era, mas cética que fui, preferi fazer a ‘prova’– lamentável. Não eu, você. Confesso que não queria estar no sue lugar, ser objeto de contestação de algo tão deprimente e repugnante) afinal, tempo no mundo contemporâneo é algo tão precioso, e perdi muito estando com você. Não queria esse aprendizado, não agora.  Fique calmo (já consigo te imaginar movendo as pernas rapidamente, apertando as mãos e a respiração acelerada – no mínimo engraçado), o senhor não é o único motivo desse texto. Junto a todos esses fatos somam-se ainda tudo aquilo que não deu certo, que não ocorreu como eu gostaria. Todos os desejos frustrados, planos encerrados e ações abandonadas.

E, assim passo meus dias, a chorar em silêncio em meu quarto, sozinha para que ninguém veja a minha dor. Durante o dia distribuo pequenos e falsos sorrisos (afinal, ser sociável é necessário), mas, ‘quando ta escuro e ninguém me ouve/quando chega a noite e eu posso chorar’ me desnudo e revelo toda minha fragilidade. Contudo, mesmo achando que tudo está errado e que nada vai mudar, no fundo, acredito em uma melhora, pois, se assim não fosse,  já não estaria aqui a escrever e você a me ler (estou em cada palavra, letra e espaço. Será que se recorda dessa pessoa? Lê o que tem a dizer? Compreende? Identifica-se?  […]).

Tudo é aprendizado. Aprendizado.

Respiro fundo e sigo em frente, talvez com passos mais curtos, mas sem nunca parar. Sei que a vida está apenas a me ensinar, só não sei o porquê insisto em não aprender (para que a tese concluída? Preferia quando tudo era apenas hipótese).

 

Abraços,

 

Sofia Aimée